ESTOU VIVO
58-12-16-em> versos publicados em «espaço mortal», pgs. 30 e 31
MENÓQUENUS
São Luís, 16/12/1958
Fuzilem-me estou vivo
nu das maiores e pequenas vinganças
nu de raiva e de ciúmes
nu de ingratidões
nu de armas
nu de respostas
nu de remorsos nu de insultos.
Fuzilem-me assim
estou pronto
estou seguro
estou firme
no meu posto.
Já levei os pontapés regulamentares
já ensinei cantigas e obscenidades
já experimentei no corpo
as nódoas roxas que me sobraram da alma
já conheci a lei
e as sanções da lei
e a lei da lei
e a falta de lei da lei.
Estou vivo
não vão é dizer que me matei
não vão é desculpar-se com as hierarquias
as altas a desculparem-se com as baixas
as baixas a desculparem-se com as altas
não vão é dizer que colaborei
que morri camonianamente devagar
de fome e chatice.
Fuzilem-me com pulgas familiares
no refego dos mantos
na bainha das calças
na ponta dos cabelos
fuzilem-me com cuidado
com fúria
com amor
com vontade
sem vontade.
Estou vivo
não vão é dizer que me matei.
***
MENÓQUENUS
São Luís, 16/12/1958
Fuzilem-me estou vivo
nu das maiores e pequenas vinganças
nu de raiva e de ciúmes
nu de ingratidões
nu de armas
nu de respostas
nu de remorsos nu de insultos.
Fuzilem-me assim
estou pronto
estou seguro
estou firme
no meu posto.
Já levei os pontapés regulamentares
já ensinei cantigas e obscenidades
já experimentei no corpo
as nódoas roxas que me sobraram da alma
já conheci a lei
e as sanções da lei
e a lei da lei
e a falta de lei da lei.
Estou vivo
não vão é dizer que me matei
não vão é desculpar-se com as hierarquias
as altas a desculparem-se com as baixas
as baixas a desculparem-se com as altas
não vão é dizer que colaborei
que morri camonianamente devagar
de fome e chatice.
Fuzilem-me com pulgas familiares
no refego dos mantos
na bainha das calças
na ponta dos cabelos
fuzilem-me com cuidado
com fúria
com amor
com vontade
sem vontade.
Estou vivo
não vão é dizer que me matei.
***