O COMBOIO DO TEMPO
1-2-62-01-08-va> = versos do afonso
LÁ FORA A PORTA BATEU
Tavira, 8/1/1962
Lá fora a porta bateu
como se fosse alguém a querer entrar
dizias-me que era o sol
mas eu sabia que era o teu rosto
dizias-me que era a morte
mas tudo renascia com os teus passos.
*
Ainda a noite vem longe
e não sei que harmonia
não sei que silêncio
se espelha sobre nós
parecem folhas
ilhas
a tua lembrança ou a tua voz.
*
Onde estás a vida continua
caem do Outono as primeiras folhas
mas tu lembras sempre a Primavera
um ponto tranquilo do jardim
uma viagem no mar
a ternura de alguém que se não conhece
e a poesia volta sempre
apesar da morte
e a luz e a água aos corações
apesar do crepúsculo
Só onde não estás
o vento continua.
*
Pergunto se nasceste
deste desejo de te vestir
ou desta espada nua
que parece bruma
que parece um gesto exacto
que parece esperança
sempre fria e nocturna
pergunto se são náufragos
ou velhos veleiros de tristes velas negras
os teus cabelos
e ao agitar das folhas
se foi o teu corpo
o vento
ou não sei que estranha distância
que espaço de astros
entre a tua e a minha boca
Pergunto se foi a tempestade
o teu silêncio
uma nítida manhã
pergunto e acredito que fosse luz
um barco carregado de vozes
entre os teus dedos e o mar.
*
Vieste mais cedo que a paz
e desejei-te tanto
vieste mais cedo que a madrugada
e as lágrimas ainda não pararam
Vieste mais cedo que a morte
e a vida está aqui
Se o que penso te pudesse acordar
sem ruído
se o que te amo
falasse
Viesse a paz da madrugada a morte
seria tudo igual a nada
só porque vieste
*
Um rio de ternura a tua voz
dentro de mim correndo por correr
és a nascente e corres sem saber
que sou dentro de ti a tua foz.
*
A noite já caiu
se a casa que não temos
fosse o comboio do tempo
que partiu. ■
***
LÁ FORA A PORTA BATEU
Tavira, 8/1/1962
Lá fora a porta bateu
como se fosse alguém a querer entrar
dizias-me que era o sol
mas eu sabia que era o teu rosto
dizias-me que era a morte
mas tudo renascia com os teus passos.
*
Ainda a noite vem longe
e não sei que harmonia
não sei que silêncio
se espelha sobre nós
parecem folhas
ilhas
a tua lembrança ou a tua voz.
*
Onde estás a vida continua
caem do Outono as primeiras folhas
mas tu lembras sempre a Primavera
um ponto tranquilo do jardim
uma viagem no mar
a ternura de alguém que se não conhece
e a poesia volta sempre
apesar da morte
e a luz e a água aos corações
apesar do crepúsculo
Só onde não estás
o vento continua.
*
Pergunto se nasceste
deste desejo de te vestir
ou desta espada nua
que parece bruma
que parece um gesto exacto
que parece esperança
sempre fria e nocturna
pergunto se são náufragos
ou velhos veleiros de tristes velas negras
os teus cabelos
e ao agitar das folhas
se foi o teu corpo
o vento
ou não sei que estranha distância
que espaço de astros
entre a tua e a minha boca
Pergunto se foi a tempestade
o teu silêncio
uma nítida manhã
pergunto e acredito que fosse luz
um barco carregado de vozes
entre os teus dedos e o mar.
*
Vieste mais cedo que a paz
e desejei-te tanto
vieste mais cedo que a madrugada
e as lágrimas ainda não pararam
Vieste mais cedo que a morte
e a vida está aqui
Se o que penso te pudesse acordar
sem ruído
se o que te amo
falasse
Viesse a paz da madrugada a morte
seria tudo igual a nada
só porque vieste
*
Um rio de ternura a tua voz
dentro de mim correndo por correr
és a nascente e corres sem saber
que sou dentro de ti a tua foz.
*
A noite já caiu
se a casa que não temos
fosse o comboio do tempo
que partiu. ■
***
0 Comments:
Post a Comment
<< Home