MAPA DAS ORIGENS
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O VALE DA SERENIDADE
(In jornal «Comércio do Porto», 12/1/1960, suplemento literário dirigido por Nuno Teixeira Neves)
Nas zonas de silêncio vive uma forma diversa
Sem água, sem atmosfera, sem as contingências
das que se movem num corredor de rochas subterrâneas
sob a inquieta epiderme das pedras.
O céu é uma água-furtada de tecto baixo e apagado
a terra é uma natureza descoberta com olhos de lentes
a bússola virgem, o crescente voltado às estrelas do sul
o infindável rumor das sombras sobre as sombras
a submissão ao ente macroscópio que governa as esferas.
É a palavra, é também a palavra que desce o atalho
para o vale da serenidade, com dois chifres de oiro
três anzóis suspensos da radiação magnífica de uma flor
do rosto de um trapézio, do corpo de um país
onde se fala a linguagem universal da luz.
Pelas portas, as estreitas e imprevistas portas
é a voz a infinita noite que se avista
uma noite sem janelas acesas, como um sinal inconsciente
talvez dormindo, pressentindo, respirando com certeza
Ao lado do monstro desmaiado as árvores não sobem
de um polo imaginário fixam-se por supostas chaves
a paredes tão altas, verticais e lisas como o solo.
De polo a polo a sombra confirma-se
e das altitudes aos fetos de raiz negativa
gravitando em torno de espaços brancos
massas placentárias movem-se por órgãos pulsatórios
semelhantes a grandes corações solitários.
De estirpe menor os estratos megalíticos
recompõem um planalto de origem vulcânica
sujeita à continuidade das corolas e arcos
fixos ou ligeiramente vibráteis em pisos solares
válvulas e arames de resistência ao conforto
asas asseadas por um mercúrio transparente.
Frente ao universo uma cratera abriu-se.
Cresce no firmamento o mapa absoluto das origens.
14/9/1959
(In jornal «Comércio do Porto», 12/1/1960, suplemento literário dirigido por Nuno Teixeira Neves)■
O VALE DA SERENIDADE
(In jornal «Comércio do Porto», 12/1/1960, suplemento literário dirigido por Nuno Teixeira Neves)
Nas zonas de silêncio vive uma forma diversa
Sem água, sem atmosfera, sem as contingências
das que se movem num corredor de rochas subterrâneas
sob a inquieta epiderme das pedras.
O céu é uma água-furtada de tecto baixo e apagado
a terra é uma natureza descoberta com olhos de lentes
a bússola virgem, o crescente voltado às estrelas do sul
o infindável rumor das sombras sobre as sombras
a submissão ao ente macroscópio que governa as esferas.
É a palavra, é também a palavra que desce o atalho
para o vale da serenidade, com dois chifres de oiro
três anzóis suspensos da radiação magnífica de uma flor
do rosto de um trapézio, do corpo de um país
onde se fala a linguagem universal da luz.
Pelas portas, as estreitas e imprevistas portas
é a voz a infinita noite que se avista
uma noite sem janelas acesas, como um sinal inconsciente
talvez dormindo, pressentindo, respirando com certeza
Ao lado do monstro desmaiado as árvores não sobem
de um polo imaginário fixam-se por supostas chaves
a paredes tão altas, verticais e lisas como o solo.
De polo a polo a sombra confirma-se
e das altitudes aos fetos de raiz negativa
gravitando em torno de espaços brancos
massas placentárias movem-se por órgãos pulsatórios
semelhantes a grandes corações solitários.
De estirpe menor os estratos megalíticos
recompõem um planalto de origem vulcânica
sujeita à continuidade das corolas e arcos
fixos ou ligeiramente vibráteis em pisos solares
válvulas e arames de resistência ao conforto
asas asseadas por um mercúrio transparente.
Frente ao universo uma cratera abriu-se.
Cresce no firmamento o mapa absoluto das origens.
14/9/1959
(In jornal «Comércio do Porto», 12/1/1960, suplemento literário dirigido por Nuno Teixeira Neves)■
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