UMA SERPENTE
58-07-14-vi> versos inéditos de afonso cautela – 1958
UMA SERPENTE ALONGA-SE
Ferreira do Alentejo, 14/Julho/58
Uma serpente alonga-se na rua
e retroceder é impossível
os intestinos do réptil são corredores
e a água, dia a dia, sobe o nível
Demasiado tarde vencedores
a serpente voa e vagarosa avança.
O trigo está por nós
e o ar respira-nos.
Vou-me embora até Malaca
no lombo de um elefante
o elefante teve um furo
e os pobres têm barraca.
Vou para a Nova Zelândia
antípoda da de cá
nasci que raio de azar
na merdolândia
nasci na terra do Caracacá.
***
UMA SERPENTE ALONGA-SE
Ferreira do Alentejo, 14/Julho/58
Uma serpente alonga-se na rua
e retroceder é impossível
os intestinos do réptil são corredores
e a água, dia a dia, sobe o nível
Demasiado tarde vencedores
a serpente voa e vagarosa avança.
O trigo está por nós
e o ar respira-nos.
Vou-me embora até Malaca
no lombo de um elefante
o elefante teve um furo
e os pobres têm barraca.
Vou para a Nova Zelândia
antípoda da de cá
nasci que raio de azar
na merdolândia
nasci na terra do Caracacá.
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