ODE AO JORNAL
1-1 a intolerável veia moralista irrompia da merda - 55-06-25-va>
25-6-1955
ODE AO JORNAL
São estes versos votados a todos os colaboradores que, durante ano e meio ajudaram, de longe ou de perto, a fazer «A Escola Nova»
Numa folha de papel agradecida
Viaja o pensamento
E pousa em toda a parte onde haja vida.
Ouvidos se fecham à passagem
Da voz que não se cala
E em confissões, súplicas, protestos,
Mesmo no silêncio apregoa e fala
A verdade das coisas e dos gestos.
Criar musgo é das pedras, não do homem,
As pedras fazem sombra e nós presença,
Mesmo amarelecida pelo tempo,
Rasgada pela insídia e indiferença,
Pela inveja e pelo esquecimento,
uma folha de papel agradecida
leva ao mundo a eterna voz da vida
e o abraço nu do pensamento.
Papel de jornal, arma de batalhas
De justiça e amor,
Arma de luta em corpo descoberto,
Amigo grande verdadeiro e certo,
Nos erros e nas gralhas confessor
Dos pecados de que me confesso
Humílimo escritor.
Quando se fecharem todos os ouvidos
Aos rumores, choros e gemidos,
Galgará uma voz os continentes
Até às masmorras e degredos
Para dizer: «Sou tinta de jornal
Escrevem-me com sangue e sujo os dedos,
Sou as veias do mundo e cheiro mal.»
Mareantes sem rota nem itinerários,
Cá vamos nesta faina de corsários
À busca do que há mais.
Irmãos marinheiros, vós, tipógrafos,
Audaciosos vultos de geógrafos
Que mares desbravais?
Demo-nos as mãos e no meio do espaço,
Criemos um globo traço a traço,
Meridianamente até ao fim.
Cruzemos fracassos e vitórias
Num mesmo equador dum mesmo abraço,
Assim.
As nossas mãos que escrevem,
As nossas mãos que são de carne e sonho
Vão povoar de vida o planeta
Que vamos desenhar
Num mapa de papel e tinta preta.
Faro, 25-6-1955
***
25-6-1955
ODE AO JORNAL
São estes versos votados a todos os colaboradores que, durante ano e meio ajudaram, de longe ou de perto, a fazer «A Escola Nova»
Numa folha de papel agradecida
Viaja o pensamento
E pousa em toda a parte onde haja vida.
Ouvidos se fecham à passagem
Da voz que não se cala
E em confissões, súplicas, protestos,
Mesmo no silêncio apregoa e fala
A verdade das coisas e dos gestos.
Criar musgo é das pedras, não do homem,
As pedras fazem sombra e nós presença,
Mesmo amarelecida pelo tempo,
Rasgada pela insídia e indiferença,
Pela inveja e pelo esquecimento,
uma folha de papel agradecida
leva ao mundo a eterna voz da vida
e o abraço nu do pensamento.
Papel de jornal, arma de batalhas
De justiça e amor,
Arma de luta em corpo descoberto,
Amigo grande verdadeiro e certo,
Nos erros e nas gralhas confessor
Dos pecados de que me confesso
Humílimo escritor.
Quando se fecharem todos os ouvidos
Aos rumores, choros e gemidos,
Galgará uma voz os continentes
Até às masmorras e degredos
Para dizer: «Sou tinta de jornal
Escrevem-me com sangue e sujo os dedos,
Sou as veias do mundo e cheiro mal.»
Mareantes sem rota nem itinerários,
Cá vamos nesta faina de corsários
À busca do que há mais.
Irmãos marinheiros, vós, tipógrafos,
Audaciosos vultos de geógrafos
Que mares desbravais?
Demo-nos as mãos e no meio do espaço,
Criemos um globo traço a traço,
Meridianamente até ao fim.
Cruzemos fracassos e vitórias
Num mesmo equador dum mesmo abraço,
Assim.
As nossas mãos que escrevem,
As nossas mãos que são de carne e sonho
Vão povoar de vida o planeta
Que vamos desenhar
Num mapa de papel e tinta preta.
Faro, 25-6-1955
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