IMPERATIVO CATEGÓRICO
1-1 - 55-12-02-vp-em> espaço mortal - anti-prosas - terça-feira, 14 de Janeiro de 2003
2-12-1955
A ponte estreita, a camioneta larga e o chofer a rogar pragas contra a Junta Autónoma das Estradas.
*
Raio de lua, raio de sol, raio de luz. Raio de vida
(In «Espaço Mortal», página?)
+
60-12-02-vs> *****
ORDEM É A DOS CAVALOS
Tavira, 2/12/1960
Ordem é a dos cavalos
precipitando-se
a das nuvens
a do aqueduto
aéreo canibal de dentes sãos
quem o pode saber?
Ordem é a dos nervos
gritando
a da água girando num túmulo
a das mãos
quem o diz?
Visco do tempo
sono das entranhas
morte
um boneco desfeito
ordem.
+
1-1- 66-12-02-vi>
A SÓS NO VERÃO
Lisboa, 2/Dezembro/1966
Porque a sós no Verão
és tu que dominas
a tua pequena casa
e quando falas
longamente falas (anónimo)
da tua pequena casa
já te conhecem no poente
de lá passares todos os dias
+
1-1 - 66-12-02-VI-DH> descrição de um homem
NESSE LIVRO DE HORAS
Lisboa, 2/12/1966
Nesse livro de horas
à margem do que escreves
recebes o teu primeiro amigo
- primeiro na Primavera -
e pensas a sós no Verão
pensas onde ficou o sabor da última bebida
algures no país por onde viajaste
num Verão igual a este
pensas e amplias a ideia (confias)
que fazes do espaço sem fronteiras
dessa pequena
e condoída casa
Não te atinge a injúria
porque um pinheiro manso fez bem perto
o caminho que leva a tua casa
ali ficou
e cresce para o céu
Não te esquecerás da vida
esse pequeno avião em que tropeças
essa miniatura de aço
e nem será tarde quando estiveres só
Porque a sós no verão és tu que dominas
a tua pequena casa
e quando falas
longamente falas (anónimo)
da tua pequena casa
já te conhecem no poente
de lá passares todos os dias
+
1-2 - 58-12-02-em> versos publicados em pgs 32, 33 e 34 - «espaço mortal»
IMPERATIVO CATEGÓRICO
2/12/1958
Enquanto a vida dura
antes que o céu desça
e os homens subam
dispensa os livros
as fórmulas as mentiras
enquanto não fores cinza
atira contra a morte a tua vida
vive como quem escreve
grama respira
não aspires a muito
não partas a cabeça
livra-te das leis
das sessões com nome de solenes
cura-te e anda em frente
porque derrubar sempre derruba
quem sente o que sente e o diz.
Matar não mates senão em legítima defesa
viver não vivas senão por legítimos ataques.
Atira contra a vida a tua vida
atira contra a morte a tua morte
não frites os miolos
com maiores culturas
delas te livre a sorte.
A cabeça só dói aos parvos com moral.
Realiza o bem
só quando não puderes
realizar o mal
desflora virgens
só quando não puderes o contrário
ou reciprocamente
como uma flor sem haste aguenta-te.
Deus te salvará que salvador é ele
dos aflitos
e à falta de alimentos
atira-te maná
quando não tiveres pão
lembra-te que já ganhaste o dia
aguentando com temperança
a fome.
E quando em vez de amor
te derem ou pedirem outra coisa
quando te doer grita
quando vires o caso mal parado e não vires a olho nu
diz que um olho é cego e és poeta
veste o outro de vidro e serás tu
Em terra de cegos
serás rei
com um olho
a mais dos habituais.
***
2-12-1955
A ponte estreita, a camioneta larga e o chofer a rogar pragas contra a Junta Autónoma das Estradas.
*
Raio de lua, raio de sol, raio de luz. Raio de vida
(In «Espaço Mortal», página?)
+
60-12-02-vs> *****
ORDEM É A DOS CAVALOS
Tavira, 2/12/1960
Ordem é a dos cavalos
precipitando-se
a das nuvens
a do aqueduto
aéreo canibal de dentes sãos
quem o pode saber?
Ordem é a dos nervos
gritando
a da água girando num túmulo
a das mãos
quem o diz?
Visco do tempo
sono das entranhas
morte
um boneco desfeito
ordem.
+
1-1- 66-12-02-vi>
A SÓS NO VERÃO
Lisboa, 2/Dezembro/1966
Porque a sós no Verão
és tu que dominas
a tua pequena casa
e quando falas
longamente falas (anónimo)
da tua pequena casa
já te conhecem no poente
de lá passares todos os dias
+
1-1 - 66-12-02-VI-DH> descrição de um homem
NESSE LIVRO DE HORAS
Lisboa, 2/12/1966
Nesse livro de horas
à margem do que escreves
recebes o teu primeiro amigo
- primeiro na Primavera -
e pensas a sós no Verão
pensas onde ficou o sabor da última bebida
algures no país por onde viajaste
num Verão igual a este
pensas e amplias a ideia (confias)
que fazes do espaço sem fronteiras
dessa pequena
e condoída casa
Não te atinge a injúria
porque um pinheiro manso fez bem perto
o caminho que leva a tua casa
ali ficou
e cresce para o céu
Não te esquecerás da vida
esse pequeno avião em que tropeças
essa miniatura de aço
e nem será tarde quando estiveres só
Porque a sós no verão és tu que dominas
a tua pequena casa
e quando falas
longamente falas (anónimo)
da tua pequena casa
já te conhecem no poente
de lá passares todos os dias
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1-2 - 58-12-02-em> versos publicados em pgs 32, 33 e 34 - «espaço mortal»
IMPERATIVO CATEGÓRICO
2/12/1958
Enquanto a vida dura
antes que o céu desça
e os homens subam
dispensa os livros
as fórmulas as mentiras
enquanto não fores cinza
atira contra a morte a tua vida
vive como quem escreve
grama respira
não aspires a muito
não partas a cabeça
livra-te das leis
das sessões com nome de solenes
cura-te e anda em frente
porque derrubar sempre derruba
quem sente o que sente e o diz.
Matar não mates senão em legítima defesa
viver não vivas senão por legítimos ataques.
Atira contra a vida a tua vida
atira contra a morte a tua morte
não frites os miolos
com maiores culturas
delas te livre a sorte.
A cabeça só dói aos parvos com moral.
Realiza o bem
só quando não puderes
realizar o mal
desflora virgens
só quando não puderes o contrário
ou reciprocamente
como uma flor sem haste aguenta-te.
Deus te salvará que salvador é ele
dos aflitos
e à falta de alimentos
atira-te maná
quando não tiveres pão
lembra-te que já ganhaste o dia
aguentando com temperança
a fome.
E quando em vez de amor
te derem ou pedirem outra coisa
quando te doer grita
quando vires o caso mal parado e não vires a olho nu
diz que um olho é cego e és poeta
veste o outro de vidro e serás tu
Em terra de cegos
serás rei
com um olho
a mais dos habituais.
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